quarta-feira, 22 de janeiro de 2025

Como evitar furtos nos supermercados

 Os supermercados enfrentam um desafio constante que afeta diretamente seus lucros: o aumento de furtos. De acordo com um levantamento feito pela Associação Brasileira de Prevenção de Perdas (Abrappe), com apoio da KPMG, apontou que, em 2023, os furtos internos e externos, sejam cometidos por clientes ou funcionários, fornecedores e promotores, representaram, somados, 31,7%, em média, das perdas. Vale ressaltar que esse é o maior nível desde 2019. Apesar de ser um problema já corriqueiro para diversos estabelecimentos, e considerado por muitos como inevitável, há estratégias para evitar ou minimizar os furtos em supermercados. 

Em primeiro lugar, é importante ressaltar que não há um padrão de furto e, muito menos, de quem o comete. Indo muito além da vestimenta, da raça e a idade, o ato pode ser cometido por qualquer pessoa e de diferentes formas. Não é comum um supermercado se deparar com um ladrão armado entrando no estabelecimento para realizar um roubo. Em contrapartida, é rotineiro que clientes abram um biscoito, um refrigerante, uma barra de chocolate enquanto estão realizando suas compras e, no final, não paguem por aquele item que foi consumido. 

Essa prática, muitas vezes encarada como algo pequeno ou inofensivo, é classificada como furto e gera um impacto significativo no caixa das empresas. Além disso, há casos de furtos planejados, como o uso de bolsas ou roupas para esconder produtos de alto valor, e até mesmo esquemas internos envolvendo funcionários ou fornecedores, que aproveitam brechas nos processos de controle para desviar mercadorias.

 Para lidar com esse desafio, os supermercados precisam adotar uma combinação de estratégias de prevenção, tecnologia e conscientização. Medidas como a instalação de câmeras de segurança em pontos estratégicos, o uso de etiquetas antifurto em produtos que são mais visados, como bebidas alcoólicas e produtos do setor de perfumaria e a contratação de equipes treinadas para identificar comportamentos suspeitos são fundamentais. Investir em sistemas modernos de controle de estoque e monitoramento em tempo real também ajuda a reduzir as perdas. É importante ficar atento no que chamamos de ponto cego, onde as câmeras não conseguem captar imagens corretamente. Por isso, é indicado, nesse caso, identificar os pontos críticos e buscar soluções para esse problema. Uma alternativa é posicionar espelhos em locais estratégicos, garantindo que os pontos cegos sejam monitorados. Além disso, é fundamental prestar atenção no posicionamento dos expositores e prateleiras, para que não obstruam a visão da central de monitoramento.

 Outro aspecto importante é a educação dos colaboradores. Promover treinamentos que orientem sobre como abordar situações de furto de maneira segura e ética pode fazer toda a diferença. Além disso, criar campanhas para conscientizar os clientes sobre a importância de pagar por todos os itens consumidos durante as compras é uma forma de reforçar a responsabilidade coletiva. 

Uma pesquisa feita pela Nextop foi responsável por apontar que mais de 40 mil casos de furtos e fraudes ocorreram no varejo alimentar de janeiro a junho somente neste ano. Esse alto índice corresponde um aumento de 55% desde 2023, além de ser o maior desde, pelo menos, 2019. Estima-se que esse tipo de crime pode gerar R$11 bilhões em prejuízo para o setor de varejo, um valor expressivo. 

Por fim, é essencial que os gestores enxerguem a prevenção de perdas como parte integrante da operação, e não apenas como um custo extra. Adotar essas práticas não só reduz os prejuízos financeiros, mas também contribui para um ambiente mais seguro e organizado para consumidores e funcionários.


LEANDRO ROSADAS

Economista e especialista em gestao de supermrcados. Formado em economia pela UFRRJ. Já atuou como professor universitario e consultor no mercado de varejo.

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