domingo, 2 de setembro de 2012

A gôndola agora é virtual (Por Fernando Salles )


Brasileiro gosta mesmo de tecnologia e busca, o tempo todo, novas maneiras de se conectar a ela. Basta observar a forma como, rapidamente, os computadores pessoais de mesa foram sendo substituídos por modelos mais práticos. Tanto que no início do ano passado os notebooks já representavam mais da metade das vendas de PCs no País. O principal atrativo – além do preço baixo de alguns modelos – é poder levar o computador consigo para todos os lugares.
Nesse quesito, porém, nada supera os celulares. É por meio deles que aproximadamente um em cada cinco brasileiros se conecta a qualquer hora e de qualquer lugar com o mundo antes chamado de “virtual”, mas cujos contornos se tornam cada dia mais reais. Hoje, 56,2% dos brasileiros utilizam a internet também no celular. Checam e-mails, trocam mensagens instantâneas, “curtem” algo nas redes sociais, leem notícias, pesquisam trajetos e, de vez em quando, até fazem uma ou outra ligação. Facilidades proporcionadas também pelos tablets: apenas entre janeiro e março deste ano foram vendidos 370 mil desses aparelhos, 351% a mais do que no mesmo período de 2011.
Essa rápida movimentação transforma, a todo instante, as relações de amizade, de compras e (por que não dizer?) todo o estilo de vida do consumidor. E você não tinha a ilusão de que sua loja passaria ilesa, certo? Vez por outra, no entanto, surge alguma novidade que torna mais fácil enxergar como esse cenário é transformador também para o varejo.
É o caso das gôndolas virtuais, uma ideia que uma década atrás soaria como algo saído de um desses filmes de ficção científica que vivem sendo reprisados na TV a cabo. Até que a os britânicos da Tesco montaram uma dessas vitrines numa movimentada estação de metrô de Seul. Ainda mais loucos por tecnologia que nós, tupiniquins, os coreanos rapidamente começaram a usar seus smartphones e tablets para escanear (via QR Code) os produtos que gostariam de receber em casa na hora de voltar do trabalho. Virou sucesso absoluto e comentário frequente em qualquer palestra sobre inovação.
Eis que no começo do mês passado a ideia desembarcou no Brasil, pelas mãos do Pão de Açúcar, sempre atento ao que há de novo por aí para rentabilizar o negócio. O painel foi instalado em um dos corredores do sofisticado shopping Cidade Jardim, em São Paulo. Basta ao consumidor olhar as fotos dos produtos e escolher o que deseja comprar, com a garantia de receber em casa o pedido, pagando um frete de, no máximo, R$ 13,90. O sistema ainda causa uma certa surpresa a quem se depara com a gôndola virtual, mas ela tem tudo para, em médio prazo, se tornar algo mais comum por aqui.
A SAP, por exemplo, já disponibiliza o sistema para os supermercados. Dias atrás conheci o dispositivo lá no recém-criado Centro de Inovação para o Varejo, que a empresa montou no mesmo prédio de sua sede, na capital paulista. Elia Chatah, especialista em soluções de varejo da empresa, me contou que, para o consumidor, a possibilidade de comprar algo fora da loja significava praticidade. “Pode fazer isso quando está no metrô ou em um aeroporto”, exemplificou o executivo. Para o varejo, é a chance de não ficar restrito às lojas e gôndolas físicas, que, ao contrário das virtuais, não são elásticas.
Mais do que isso, as gôndolas virtuais são mais uma maneira de atender um novo consumidor, que gosta de muito de tecnologia e ainda mais de rapidez e praticidade, características que já começam a se tornar a regra nas relações de consumo. E isso tem muito a ver com sua loja.

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